Prova do Enem – O que cobram do candidato?

Aqui no blog quero compartilhar muitas coisas que aprendi ao longo da minha caminhada como estudante. Boa parte do meu conhecimento e formação vem dos bons professores de Português que tive, pessoas marcantes e tinham amor pela profissão. Por isso mesmo que este blog fala muito sobre a Língua Portuguesa. Neste artigo, por exemplo, começo a falar do Enem, prova tão importante para estes estudantes que hoje em dia desejam passar numa Federal. Usando um curso online ou mesmo estudante com apostilas usadas, o que importa é caminhar pra frente com os olhos fitos nos objetivos traçados.

O que o Enem cobra?

Com base em alguns documentos sobre o Enem disponíveis no site do Ministério da Educação e Cultura (www.mec.gov.br), você pode ir para a prova de redação com plena consciência do que será exigido durante a avaliação. Basta aplicar os  conceitos que serão desenvolvidos aqui no site. Para começar, procure entender os “eixos cognitivos”, comuns a todas as áreas do conhecimento:

I. Dominar linguagens: conhecer a norma culta da língua portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.

O conhecimento e o uso da “norma culta”, em uma redação, estão muito próximos do correto aproveitamento das regras de pontuação e de ortografia. Períodos bem construídos são períodos bem pontuados. Escrever corretamente as palavras ainda garante a boa apresentação da redação. Além disso, o domínio da norma culta também tem a ver com o vocabulário adequado, que dispensa o uso de gírias, coloquialismos, clichês etc. É sempre bom escrever de modo preciso, claro e objetivo, sem nenhum rebuscamento.

II. Compreender fenómenos: construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenómenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção  tecnológica e das manifestações artísticas.

A aplicação de conceitos de variadas áreas do conhecimento, no caso da produção de um texto para a prova de redação, é exatamente o que se espera de um candidato bem preparado. Quanto maior o alcance dos conhecimentos gerais, mais rico será o desenvolvimento argumentativo da dissertação.

III. Enfrentar situações-problema: selecionar, organizar, relacionar e interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar as decisões mais adequadas em cada situação.

Em uma redação, a “situação-problema” se dá no tema apresentado pela proposta. Como veremos neste fascículo, as antologias que acompanham as propostas no Enem, e em muitos outros exames vestibulares, são estruturadas a partir de variados géneros textuais: gráficos, artigos de jornais, ensaios, textos literários, textos não verbais (fotografias) ou híbridos (charges, quadrinhos etc). Um bom aproveitamento da antologia também demonstra as capacidades de seleção, organização, relação e interpretação em variados níveis.

IV. Construir argumentação: relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir um texto consistente.

A “consistência” que se anuncia nesse item é, de fato, a essência de uma redação bem construída. Relacionando informações da antologia e do seu repertório, você tem de construir uma argumentação capaz de convencer o leitor, no caso, a banca examinadora, do ponto de vista que escolheu defender.

V. Elaborar propostas: recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

O que se cobra aqui é a compreensão, por parte do estudante, de que os conceitos aprendidos nos bancos escolares devem estar vinculados a práticas que tragam transformações benéficas à sociedade.

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Das negativas

Entre a morte do Quincas Borba e a minha, mediaram os sucessos narrados na primeira parte do livro. O principal deles foi a invenção do emplasto Brás Cubas, que morreu comigo, por causa da moléstia que apanhei. Divino emplasto, tu me darias o primeiro logar entre os homens, acima da ciência e da riqueza, porque eras a genuína e directa inspiração do céu. O acaso determinou o contrário; e aí vos ficais eternamente hipocondríacos.

Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de Dona Plácida, nem a semi-demência do Quincas Borba. Somadas umas cousas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma creatura o legado da nossa miséria.

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